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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O álcool... a gasolina... o custo.



O álcool...
Lembra da revolução energética anunciada pelo presidente Lula, em que o álcool de cana brasileiro seria um dos combustíveis mais importantes? Bom, o Brasil está importando álcool faz tempo - principalmente dos Estados Unidos. Neste ano, a importação representa cinco vezes a de 2010: no total, 1,03 bilhão de litros contra 200 milhões do ano passado. E era para ser ainda maior, se o Governo não tivesse reduzido a mistura do álcool na gasolina de 25 para 20%.
...a gasolina...
Lembra da autossuficiência do Brasil em petróleo, também anunciada pelo presidente Lula? Neste ano, o Brasil já importou 3,1 milhões de barris de gasolina; e além das importações normais virão mais 550 mil barris por mês, para substituir os 5% de álcool a menos na mistura.
...o custo
No segundo trimestre do ano passado, o prejuízo da Petrobras com a importação de gasolina foi de R$ 108 milhões. No segundo trimestre deste ano, de R$ 2,28 bilhões. Traduzindo: o prejuízo foi multiplicado por 20.

domingo, 18 de abril de 2010

Bloco desigual

A minha parte favorita do PAC chinês é aquela que prevê intercâmbio entre os partidos brasileiros e o Partido Comunista Chinês. O que será que os partidos brasileiros podem aprender com eles? Talvez ensinem como controlar de forma tirânica um país continental por 60 anos, submeter tibetanos, matar estudantes numa praça e censurar a internet.
Poderia ser, também, como criar uma reserva de mercado para os militantes do partido em todos os postos importantes da burocracia, e assim ocupar a máquina do Estado. Mas para isso já há tecnologia local.
Na área comercial, é interessante a parte do acordo em que os dois países se comprometem a intensificar medidas para a exportação de carne suína, porque os chineses acabam de fazer o oposto. O empresário Pedro de Camargo Neto, da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), foi surpreendido, na quinta-feira, com o anúncio de mais um adiamento da visita sanitária que o governo chinês faria ao Brasil, em maio. Isso é uma etapa obrigatória para suspender o embargo à carne brasileira.
— Lula esteve na China em maio, e eles disseram que mandariam uma comitiva ao país. Nada aconteceu, disseram que mandariam a comitiva no final de maio. Hoje, fico sabendo que a vinda foi adiada para setembro. A impressão é que os chineses só querem vender, nunca comprar. O Brasil faz papel de bobo nessa relação — disse o empresário.
O acordo entre os bancos de desenvolvimento finge tornar iguais criaturas totalmente diferentes. A China tem uma taxa de poupança de 53%, e no Brasil se comemora quando ela chega a ser 18%. O BNDES disse que uma das modalidades será assim: Brasil e Índia fazem um projeto que é financiado pelos bancos dos dois países e cofinanciado por um terceiro. Imagine o contrário: o BNDES cofinanciando um projeto russo-indiano?
Hoje, o Brasil tem sido principalmente exportador de commodities. O Brasil exporta minério e soja, como a Rússia exporta petróleo. A China tem exportado produtos de valor agregado, e a Índia tem investido em tecnologia de informação.
— Não é preciso muito esforço para vender matéria-prima — diz José Augusto de Castro, da AEB.
Em 2009, pela primeira vez a Índia ultrapassou o Brasil no comércio internacional. Foram US$ 155 bilhões em vendas, contra US$ 153 bilhões do Brasil. Uma virada dos indianos, que em 1980 exportavam menos da metade do valor brasileiro: US$ 8 bilhões contra US$ 20 bi. A arrancada foi puxada pela venda de manufaturados e de serviços, produtos com maior valor agregado, como carros, computadores e softwares.
A economia indiana conseguiu crescer mais em 2009 (7%) do que em 2008 (6,7%). A explicação para o bom desempenho está na alta taxa de poupança do país, em torno de 37% do PIB, mas o governo abriu um enorme déficit nas contas públicas com os programas de estímulo. A previsão da agência Fitch é que em 2010 e 2011 o país vai crescer 8% e 8,5%. Mas o crescimento está aumentando perigosamente a inflação.
A China anunciou na quinta-feira que o PIB do primeiro trimestre fechou com alta de 11,9%, e o temor de novo é de superaquecimento. Parte desse desempenho é turbinado pelo que mais prejudica o Brasil e o resto do mundo: um câmbio absolutamente artificial. O que torna a relação comercial chinesa desleal.
Os analistas que acompanham as relações comerciais entre os dois países dizem também que o Brasil é passivo diante das decisões chinesas. Rodrigo Maciel, do Conselho Empresarial Brasil-China, acredita que os investimentos chineses serão maiores nos próximos anos, mas diz que os produtos brasileiros têm dificuldade de entrar na China, principalmente os agrícolas. Com 60% da população vivendo no campo, cerca de 800 milhões de pessoas, o país não vai abrir sua economia.
— Na rodada Doha, China e Brasil estão em lados opostos na questão agrícola. Os Bric não são um bloco formado, e não acredito que possam vir a ser. Os interesses são muito diversos, principalmente na questão agrícola — afirmou Rodrigo Maciel.
José Augusto de Castro acha que o Brasil, na relação com a China, não consegue tirar proveito nem quando está em situação de vantagem, como na soja, onde há apenas três grandes produtores: Brasil, Estados Unidos e Argentina. Ele teme que os chineses tentem impor preços baixos jogando com a possibilidade de comprar mais da Argentina.
— Nada que a China faz acontece por acaso. Eles têm planejamento em suas ações e fazem o que querem com o Brasil. No caso da soja, o cenário é amplamente favorável, e não conseguimos tirar proveito. A China já está negociando isoladamente com a Argentina, e vai conseguir impor preços mais baixos ao Brasil. Precisamos endurecer o jogo, a exemplo do que faz a Vale na negociação do minério de ferro — disse.
Dos Bric, a Rússia foi o mais afetado pela crise: recessão de 7,9% em 2009. O sétimo pior resultado de todos os países analisados pela Fitch. A previsão para este ano é de crescimento de 4,5%. A recuperação deve ser puxada pelo aumento do preço do petróleo. A inflação também é um problema, mas a crise derrubou a taxa de 13,3% para 8,8%.
Encontros como esse são importantes e serão cada vez mais frequentes com o aumento do peso do Brasil, mas é bom separar delírio de fato. Os quatro países que formam a sigla Bric não formam um bloco, são diferentes, e em algumas questões são antagônicos. Há vários interesses comuns, muitos negócios bons para todos os lados, mas é preciso evitar o delírio de que está se formando uma liga contra os “outros”, e ser mais pragmático na defesa de nossos próprios interesses.
(Míriam Leitão e Alvaro Gribel)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

OPINIÃO
Um estudo recente encomendado pelo banco BNP Paribas, francês e insuspeito, mostrou que nos últimos cinco anos a classe C brasileira cresceu e aumentou sua renda mais do que as classes A/B, enquanto que as classes D/E (não falam nas classes abaixo destas, que, no Brasil, como se sabe, chegam até às J/K) diminuíram de tamanho. Interpretações e reparos à vontade e ao gosto político de cada um, mas o inegável nos números é que houve ascensão social e está havendo distribuição de renda. Com bolsas antifome, suspensão de impostos, piques de empregos formais, pacs e repacs e trancos e barrancos o governo está inserindo cada vez mais gente na vida econômica do pais — enquanto consola os de cima com favores também inéditos para o capital financeiro. O que deve interessar a todo o mundo é que está se criando uma coisa que até agora não existia no Brasil, um grande mercado consumidor interno. E o patrono desta transformação não é Karl Marx, é Henry Ford.

Ironia. Henry Ford, em matéria de política, era um reacionário execrável. Sua companhia tornou-se um exemplo de cupidez empresarial um pouco acima do normal. Uma das histórias pouco comentadas da Segunda Guerra Mundial é que a guerra já corria solta e o antissemita Ford continuava fazendo negócios com a Alemanha nazista. E não é preciso ir tão longe: foi notória a colaboração da Ford com a última ditadura militar na Argentina para proteger seus interesses e a ajuda da Ford e outras multinacionais estrangeiras à Operação Bandeirante, força auxiliar da repressão formada por empresários paulistas no Brasil dos anos cinzentos. Isso em contraste com a atividade — louvável — da Fundação Ford nos campos da educação e da cultura no continente. Mas Henry Ford ficou na história porque criou o fordismo, um método revolucionário de produção de carros em série que mudou para sempre os costumes e a paisagem da América. E porque pagava bem aos funcionários da sua linha de montagem, raciocinando que de nada adiantava inundar o país de carros sem um mercado de massa para comprá-los.

Ford e o fordismo não foram os únicos responsáveis pela industrialização acelerada dos Estados Unidos a partir dos anos vinte, claro, nem os empregados bem pagos da Ford foram os únicos protótipos da classe C consumidora que sustenta o capitalismo americano até hoje. Mas o fordismo teve efeitos colaterais importantes. Propiciou o aparecimento de um movimento sindical forte, e consequentes vantagens iguais para outros trabalhadores. Democratizou o acesso a bens antes exclusivos de uma minoria. E ficou como exemplo de racionalidade econômica a ser seguida. No caso do Brasil dos últimos cinco anos, um pouco tarde.
(Texto publicado no Globo de hoje. 16/04/2010)

Semelhanças e diferenças entre Brasil e China

Reuniões como essa que aconteceu ontem, entre países emergentes, não trazem conclusões imediatas, mas criam movimentos que vão virar coisas concretas. O mais concreto que houve foi feito pelo setor privado: o compromisso chinês em participar do projeto do porto do Açu, de Eike Batista, com 70%.
Foram muitas reuniões entre chefes de estado dos Bric, com África do Sul, mas de tudo isso, o mais importante foi o encontro com a China, pelo tamanho que ela tem. Eles assinaram um documento de ação conjunta nos fóruns internacionais. Eu vejo isso com um certo ceticismo, porque em alguns assuntos, temos tudo a ver com a China, mas em outros, somos adversários.
Nossos interesses não são sempre coincidentes, pelo contrário. Quando se discute na OMC, a China tende a querer barreiras ao comércio de produtos agrícolas. Nós, que somos bons exportadores, não topamos. Então, a gente não se parece com a China, que tem um mundo de produtores ineficientes que são protegidos e isso não nos interessa.
A China parece grande comprador de produtos brasileiros, mas são só commodities, como soja e minério de ferro. O Brasil está tentando vender carne de porco para lá, mas eles ficam adiando a inspeção sanitária necessária para que o país seja fornecedor.
Na OMC, a China tem posições bem diferentes das nossas, mais parecidas com as dos Estados Unidos. Em outros casos, coincidimos, como a proposta de reforma da ONU para que haja mais representatividade. Isso é bom, porque a China está no Conselho de Segurança. Um grupo de países ficou mais importante e precisa ser mais representativo no FMI, na ONU. Uma bandeira brasileira que tem todo sentido.
(Miriam Leitão na CBN)
INTERNACIONAL

Brasil e China têm que lutar por nova ordem internacional, diz Lula

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Hu Jintao, manifestaram hoje interesse em estreitar relações comerciais e assinaram acordos em áreas como cultura, agricultura e petróleo, durante reunião realizada em Brasília. Para Lula, ao receber presidente o chinês, o Brasil está acolhendo “mais do que um grande estadista”. “Recebemos um amigo”, disse durante declaração conjunta dos dois presidentes.

Ao tratar de política externa, Lula disse que os dois países têm a obrigação de lutar por uma “outra ordem internacional” e que, assim como o Brasil, a China busca nas organizações multilaterais respostas progressistas para a “globalização assimétrica e disfuncional que vive a humanidade”.

Lula disse que o Brasil que Hu Jintao encontra hoje é diferente do que visitou em 2004. “Como a China, o meu país se reencontrou com sua vocação para o desenvolvimento. Está superando vulnerabilidades econômicas e sociais históricas”. O presidente brasileiro afirmou ainda que o Brasil consolidou um mercado interno vigoroso que é motor do crescimento econômico.

Os dois chefes de Estado assinaram o Plano de Ação Conjunta que define ações a serem adotadas entre 2010 e 2014. Segundo Lula, ele será um instrumento que “permitirá uma melhor coordenação de nossa atuação global em benefício dos objetivos e aspirações dos nossos povos”.

Em relação às trocas comerciais, o presidente brasileiro ressaltou que o intercâmbio entre os dois países cresceu 780% desde o início de seu governo e que a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. Lula, no entanto, afirmou que para que a promessa de comércio Sul-Sul seja uma realidade, o Brasil precisa aumentar o valor agregado de suas vendas. Ele citou o setor aeronáutico como uma área que pode tornar as trocas entre os dois países mais equilibradas.

No discurso, Lula afirmou que são excepcionais as possibilidades de engajamento de empresas chinesas na modernização da infraestrutura brasileira no momento em que o Brasil inicia os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Hu Jintao destacou disse que houve vários pontos de consenso na conversa com o presidente brasileiro e classificou de “frutífera” a relação entre os dois países. O governante chinês falou também em aumentar ainda mais os mecanismos de cooperação e em diversificar o comércio bilateral.

Lula iniciou o discurso manifestando solidariedade ao povo chinês em decorrência do terremoto que já provocou mais de 600 mortes no país. O tremor antecipou para hoje o retorno de Hu Jintao à China e por isso a Cúpula do Bric (grupo formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China), que ocorreria amanhã (16), foi antecipada para hoje, mesmo dia da reunião do Ibas, que reúne a Índia, o Brasil e a África do Sul. (Ag. Brasil)

terça-feira, 13 de abril de 2010

A gigante petrolífera Humble Oil – hoje Exxon, lançou em 1962 uma propaganda “interessante”, porém infeliz. A propaganda previa o destino das camadas polares. Na foto está uma grande geleira e a legenda diz:
“Todos os dias a Humble produz energia suficiente para derreter 7 milhões de toneladas de gelo dos glaciares”.
E o texto abaixo continua: “Os glaciares tem permanecido intactos por séculos. Mas a Humble poderia derreter tudo numa velocidade de 80 toneladas de gelo por segundo…”. Realmente eles – Exxon, conseguiram!